segunda-feira, 19 de outubro de 2009

António Pedro

 No passado dia 29 de Dezembro, faleceu em Caldas da Rainha, com 80 anos de idade, António Pedro da Silva, antiga glória do Caldas Sport Clube, nascido em Vila Franca de Xira, no dia 19 de Outubro de 1928.
Vulto ímpar do Caldas Sport Clube e das Caldas da Rainha, o António Pedro marcou de forma distinta e singular a sua passagem como futebolista no Caldas e cidadão exemplar na cidade onde viveu e habitou – As Caldas da Rainha.
A história do Caldas Sport Clube começa em 1916, mas é no ano de 1951, que chega às Caldas da Rainha um jovem carregado de modéstia, simplicidade de sobra, com o coração a transbordar de vontade de vencer. Ficando hospedado na pensão “Olhos Pretos”, António Pedro trazia parcos haveres, algumas roupas e pouco mais, mas no fundo da mala quase despercebidos vinham também aqueles que viriam a ser os gloriosos anos do Caldas Sport Clube.

De um momento para o outro o Caldas passou a contar com um jogador de futebol de classe excepcional no lugar de médio e organizador de jogo. A acreditar no que se diz, superava Pavão, velha glória do passado e segundo a opinião de Mário Duarte, o António Pedro terá sido mesmo o melhor jogador português de todos os tempos, que actuou no Caldas.
António Pedro, de estatura baixa, cabelo preto, irrequieto, rápido, apaixonado pelo futebol, “o Marreco” afinal um gigante do futebol, que veio de Vila Franca, foi a figura mais carismática do Caldas Sport Clube. A cidade das Caldas da Rainha acabou por se render ao Atleta, ao Homem, ao António Pedro, que no Caldas deu e ganhou projecção nacional.
A carreira de António Pedro como jogador e treinador de futebol prolongou-se por quase meio século. A sua actividade teve início no Vilafranquense, em 1945/46, tendo anteriormente feito duas épocas nos juniores. Na primeira temporada que o Caldas Sport Clube jogou na divisão maior do futebol português, António Pedro considerado a “Locomotiva das Caldas” participou em 26 jogos e marcou quatro golos dos 29 somados pelo total da equipa, treinada pelo técnico José Sezabo, nessa época de 1955/56.



Quadro de Honra 
dos melhores médios 
na época de 1958/59:

1.º Fernando Mendes (Sporting)
2.º Germano (Atlético)
3.º António Pedro (Caldas)
4.º Frederico Passos (Braga)
5.º Oliveira (CUF)


“O caldense António Pedro, vem a seguir com os mesmos atributos de anos anteriores:
Boa bagagem futebolística, generosidade e esforço, aplicação constante traduzida em inusitada utilidade como jogador de equipa.
Quase o mesmo se pode dizer do Oliveira da CUF, com inferior técnica mas idêntico frenesim que tão útil foi no original e extenso torneio de competência. Entre o Caldense e o Barreirense citamos ainda o sóbrio e eficaz “Capelão” do Sporting de Braga, Frederico Passos, muito regular ao longo do Nacional e evidenciando sempre uma personalidade digna de franco elogio” – Transcrição da imprensa da época.
Cabe também contar nestes recortes da vida do António Pedro o episódio da vitória do Caldas sobre o Belenenses; no então recém inaugurado Estádio do Restelo, na época de 1957/58. Recorde-se que nesse dia o Belenenses sofreu a primeira derrota naquele relvado. Importante é salientar que o António Pedro foi o herói do jogo após marcar de penalty o primeiro golo no Estádio do Restelo, que ficou para a história do futebol nacional.

                                                                                      Festa de Homenagem a António Pedro

Com a morte de António Pedro, a quem ainda não se prestou a justiça merecida, a cidade ficou mais pobre e todos nós perdemos também um pouco da nossa própria identidade.
No cemitério de Santo Onofre, para além dos filhos e restantes familiares, lá estavam os companheiros de todos os tempos e de todas as horas, amigos, ex-jogadores de futebol de várias gerações, presidentes de juntas de freguesia e até a Câmara Municipal se fez representar ao mais alto nível. Ninguém quis faltar na hora da despedida. A tristeza invadia o coração de todos quantos o foram acompanhar. Foi bonito de ver a urna coberta com a bandeira do Caldas Sport Clube ser transportada aos ombros por antigos atletas e também num acto de respeito, de admiração e já de saudade ouviu-se uma salva de palmas que todos os presentes quiseram dedicar ao António Pedro, tal como as muitas que recebeu no Campo da Mata, na década de cinquenta do século passado.

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